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FABIÁN SAN MIGUEL
( Argentina )
Natural de Lomas de Zamora (Buenos Aires, 1964).
Foi premiado por seu trabalho em rádio, co-dirige as edições alternativas Tribal-song. Publicou poemas seus em revistas nacionais se estrangeiras. Tem poemas traduzidos para o português. É um dos Coordenadores da Casa de la Poesia, em Buenos Aires.
Organizou junto com Susana Villalba e César Bisso o I Festival Internacional de Poesia da Cidade de Buenos Sires, em 1999.
Publicou Perros de la Belleza (Buenos Aires: Último Reino,m 1966).
Os textos escolhidos e publicados aqui são do livro Sueño 800.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
IARARANA – revista de arte, crítica e literatura. Salvador, Bahia.
No. 4 – 2000.
Sueño 803 /
estoy despierto. Hablo con alguien sobre las burbujas
en la sangre. El televisor se acuesta a mi lado, con el
volumen en mínimo, a penas los gestos. Lo demás lo
recordaré más tarde. Busco un libro en la mesa de luz,
un fogonazo. Se cae uno de los murciélagos que
duermen en el taparrollo de la ventana. Sueño que
sueño con un pintor sin manos, la sombra de su obra
es apenas un boceto que anuncia el alba. Acaricio los
hongos don la palma de los pies, es un prado extenso.
Una mujer llora en otro cuarto. Estoy despierto, anoto
un recuerdo que después olvido. Cuando más tarde
vuelvo al papel de la escritura me parece rasgada,
ajena. Temo volverme inútil.
Sueño 814 /
estoy guarecido en un maizal que se quiebra. Los re-
lámpagos abren huellas en una habitación vacía, el
lugar huele a c ampo abierto. Nada hasta uno de los
rincones del cuarto, trato de comprender lo que suce-
cede: recorro una ruta cerrada. Es la noche. No siento
más que mis pies adormecidos. Las gotas de lluvia
ocupan la totalidad de una mirada. El cuerpo , entre-
lazado en sueños, aún está seco y a cobijo. La venta-
na recobra mis sentidos para volverlos opacos, in-
transferibles. El negativo de una fotografía deja en-
trever a un caballo desbocado refugiarse más allá de
la tormenta . Abro el vidrio, las cruces blancas se re-
flejan desde un costado del asfalto. Cuando regreso
a la cama la luz me ahoga, el resto es lo que perma-
nece en la retina.
a la Kon-tiki, Junín.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
Sonho 803 /
estou desperto. Falo com alguém sobre as bolhas no
sangue. A televisão descansa do meu lado, com o
volume no mínimo, apenas os gestos. O demais vou
recordar mais tarde. Procuro um livro na mesa de luz,
um clarão. Despenca um dos morcegos que dormem
na cortina da janela. Sonho que sonho com um pintor
sem mãos, a sombra de sua obra é apenas um esboço
que anuncia a aurora. Acaricio os fungos com a palma
dos pés, é prado imenso. Uma mulher chora em outro quarto. Estou desperto, anoto uma lembrança que depois esqueço. Quando mais tarde regresso ao papel
da escrita me parece rasgada, distante. Temo voltar ao inútil.
Sonho 814 /
estou protegido em um milharal que se desmonta. Os
relâmpagos iniciam pegadas numa habitação vazía,
o lugar tem cheiro de campo aberto. Nada até um dos
cantos do quarto, trato de entender o que acontece: recorro uma rota cerrada. É a noite. Não sinto nada
mais que meus pés adormecidos. As gotas de chuva
ocupam todo o meu olhar. O corpo, entrelaçado em sonhos, ainda está seco e abrigado. A janela recobra
meus sentidos para torna-los opacos, intransferíveis.
O negativo de uma fotografia deixa entrever um ca-
valo desbocado refugiar-se além da tormenta. Abro o vidro, as cruzes brancas refletem desde um suporte lateral do asfalto. Quando regresso à cama a luz me afoga, o resto é o que permanece na retina.
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Página publicada em novembro de 2021
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